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Arquitetos: José Luis Bezos Alonso
- Área: 3868 m²
- Ano: 2015
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto é parte do desenvolvimento da proposta ganhadora do concurso internacional que a Prefeitura e o Colégio de arquitetos de Cádiz convocaram para reordenar e urbanizar os terrenos da explanada de Santa Bárbara. Terreno este que atua na borda de separação do parque Genovês com o mar. As espécies deste parque, exóticas e de procedência americana, são consideradas patrimônio e por sua proximidade e exposição ao mar, requerem uma proteção especial. O muro alto e cego da fábrica as preservava dos temporais e do ambiente marinho.
Este antigo muro, feito com partes de altura diferentes, limitava visual e fisicamente o parque em relação a explanada de Santa Bárbara. Somente uma porta, habitualmente fechada, fazia e encarregava desta comunicação. O projeto o substitui por uma edificação que protege o parque ao mesmo tempo em que permite uma relação mais permeável e porosa entre ele e a explanada.
A explanada, na qual está situado o edifício, foi por muito tempo utilizada exclusivamente como estacionamento, apesar da sua grande extensão e sua situação privilegiada como varanda da cidade frente ao mar. O projeto, como se fosse inspirado no conhecido grafite de Banksy, a converte agora em uma extensão do parque e um espaço livre com bordas ajardinadas, esportivas e playgrounds. As crianças hoje brincam onde anteriormente só havia carros.
A nova edificação projetada - e que substitui o muro - tem como primeiro objetivo garantir a proteção do parque Genovês frente ao vento e aos temporais. Mas, além disso, propõe uma relação muito mais transparente e permeável entre o parque e o novo caminho de Santa Bárbara, pensando-os como espaços urbanos conectados e completares, criando cinco novos acessos. Vale ressaltar que a cobertura ou nível superior é acessível e transitável, transformando-se em uma rua-mirante elevada que se aproxima por um lado do parque Genovês e por outro da explanada e da Baía de Cádiz.
Trata-se portanto de uma edificação que integra necessidades muito diferentes e desenvolve propostas diversas, o que torna difícil sua caracterização em uma tipologia concreta da arquitetura e inclusive sua própria denominação de projeto. O edifício almeja ser, sem dúvida, uma síntese de diversas necessidades, mas também uma proposta, uma instalação que ativa este espaço e interage com as pessoas para fazer desta área da cidade um novo lugar de oportunidades e expectativas para o cidadão.
O edifício - se assim pode ser chamado - é o resultado de um processo de negociação entre muitas condições de diferentes naturezas. Em primeiro lugar, precisava sustentar-se necessariamente sobre a estrutura do estacionamento subterrâneo presente em toda a explanada, fazendo com que sua planta se adaptasse aos pontos de cargar coincidentes com a estrutura inferior e aos acessos verticais. O térreo também abriga os diferentes locais associados às atividades culturais, além dos banheiros públicos, vestiários e a área de depósito para os trabalhadores do parque Genovês que antigamente eram edificações precárias anexadas ao muro.
Outras condições incidem no desenho desde a vontade de criar espaços de sombra até a disposição dos volumes frente ao vento e aos temporais e em evitar que o edifício, na sua linearidade e necessária extensão parecesse um novo muro. A formalização e a falta de escala na fachada não são uma prescrição, mas sim o resultado de um conjunto de requisitos funcionais e conceituais que foram expressos através das condições que foram surgindo.
A materialidade procura uma sensação de leveza e transparência, utilizando o vidro,o policarbonato e o aço. A fachada, composta por vidro no térreo e uma pele dupla translúcida no nível superior, se retro-ilumina pela noite, recriando uma extensa faixa de luz frente à baía.